Há 40 anos era assassinada, em Alagoa Grande, Paraíba, a líder sindical rural Margarida Maria Alves. Sua morte, encomendada pelos latifundiários da região, não conseguiu calar sua voz. Sua história e seu legado de luta inspiram mulheres de todo o Brasil que desde 2000 se reúnem em Brasília na defesa da vida, da liberdade, dos territórios, da soberania popular e contra as diversas formas de violência.
Nos dias 15 e 16 de agosto de 2023 mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e também das cidades de todas as partes do país estarão na capital federal reivindicando direitos. A Marcha das Margaridas, considerada a maior ação de mulheres da América Latina, está na sua 7ª edição com o lema “pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.
A estimativa é que mil mulheres de todas as regiões do Rio Grande do Norte componham a delegação potiguar. “São agricultoras, pescadoras, quilombolas, indígenas, as mulheres dos movimentos feministas do nosso estado, militantes dos movimentos LBTQIA+, mulheres dos sindicatos urbanos e rurais”, afirma Jocélia Silva, Secretária de Mulheres da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Rio Grande do Norte — FETARN e coordenadora da Marcha das Margaridas no estado.
Segundo Jocélia, as pautas que serão reivindicadas na marcha “tem muito a ver com a busca das mulheres por autonomia econômica, trabalho e renda, já que passamos por enormes e demasiados cortes no orçamento da agricultura em momentos passados e com isso, buscamos a inclusão produtiva das mulheres do campo, das florestas e das águas”.
Em Brasília será apresentado um documento que reúne aquilo que as margaridas desejam para o país, em especial para as mulheres rurais. O documento é dividido em 13 eixos, que passam por temas como a democracia participativa e soberania popular com a participação política das mulheres, a autonomia das mulheres sobre seu corpo e sexualidade, a proteção da natureza com justiça ambiental e climática, a democratização do acesso à terra, o direito de acesso e uso da biodiversidade, a segurança alimentar, a autonomia econômica, o acesso à saúde, previdência e assistência social, também educação pública antirracista e não sexista com garantia da educação no/do campo e a universalizac¸a~o do acesso a` internet e inclusa~o digital.
De acordo com Jocélia, esse documento foi construído nacionalmente “levando em consideração todas as atividades formativas que aconteceram no estado durante o processo de formação da Marcha das Margaridas que acontece desde março até agora, no mês de julho. Então essa pauta nacional, ela considera todos os aspectos e contribuição das regiões do RN. Essa pauta foi apresentada para o executivo, para o legislativo nacional e estadual. Ela tem essa abrangência e ela é bastante significativa e atual para todas as mulheres rurais”.
Sobre as expectativas para a grande marcha, Jocélia afirma animada que “o evento se prepara para receber mais de 100 mil mulheres de todos os estados do nosso Brasil, organizações de todos os países da América Latina e também de todas as organizações feministas internacionais. Então a gente pode dizer que a Marcha das Margaritas é um movimento que se tornou mundial e com essa importância muito grande devido a toda a situação que nosso país enfrentou e que o mundo enfrenta, colocando as mulheres nos espaços em que elas realmente devem estar, que é nos espaços de decisão, de participação política”.
A Marcha das Margaridas é uma realização da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), de suas federações e sindicatos filiados. Outras 16 organizações são parceiras em sua construção.
Por Isadora Moreno. Agência de Reportagem Saiba Mais. Agosto, 2023.
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