A primeira Marcha das Margaridas aconteceu em agosto do ano de 2000 e
reuniu cerca de 20.000 trabalhadoras rurais em Brasília/DF. Em adesão à
Marcha Mundial de Mulheres, que mobilizou mulheres no mundo inteiro
contra a fome e a violência sexista, as trabalhadoras rurais protagonizaram
a maior mobilização de mulheres do movimento sindical tendo como lema:
“2000 razões para marchar contra a fome, a pobreza e a violência sexista”
Fortalecendo o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Em um contexto político construído pelo governo de Fernando Henrique
Cardoso, a Marcha das Margaridas naquele momento teve um forte caráter
de denúncia do modelo de desenvolvimento rural do país e de como a
política de Estado neo-liberal impactava a
vida das/os trabalhadoras/es
rurais.
Para isso, organizaram sua plataforma de luta através de um texto base
que abordava as seguintes temáticas: 1. Valorização da participação da mulher
na Reforma Agrária e na Agricultura Familiar; 2. Garantia e ampliação dos
direitos trabalhistas e sociais; 3.Combate à violência e impunidade no
campo e a todas as formas de discriminação social e de gênero.
Pela primeira vez na história, o governo brasileiro se dedicou a negociar e
analisar uma pauta específica das trabalhadoras rurais, e também pela
primeira no movimento sindical de trabalhadores/as rurais, uma negociação
desse alcance é protagonizada pelas mulheres, considerando as
diversas questões que dizem respeito à categoria como um todo.
Com todo este fôlego, não é difícil compreender porque a Marcha das
Margaridas homenageia Margarida Maria Alves em todas as suas edições,
tornando-se símbolo de resistência e pautando as diferentes causas das
trabalhadoras rurais.